Flim: Palestra aborda processo literário e temas étnicos

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Ilustrador Maurício Veneza e a professora Cespes Canellas palestraram sobre os processos criativos literários e de contação de histórias

A 2ª edição da Festa Literária de Maricá (Flim) contou na noite desta quarta-feira (01/10) com a palestra do ilustrador Maurício Veneza e da professora universitária Cespes Canellas, que falaram sobre os processos criativos literários e de contação de histórias. O encontro, que foi mediado pela coordenadora de Práticas Literárias, da Secretaria Municipal de Educação de Maricá, Luciana Soares, ocorreu na Tenda Cora Coralina, montada na Praça Dr. Orlando de Barros Pimentel, no Centro da cidade.

A apresentação iniciou com a professora Cespes Canellas, mestranda em Literatura Infanto-Juvenil, especializada em Cultura Africana, que sentiu a necessidade de mudar a sua forma de dar aula e dar ênfase na divulgação da cultura africana através da contação de histórias. “Consegui atingir plenamente os  objetivos a que me propus. A contribuição do africano para a formação do povo brasileiro é imensa, em todos os aspectos da vida: na música, na culinária, na religião, no vestuário. Ainda assim, mesmo tendo arcado com o trabalho braçal na construção do país, o negro permaneceu ignorado até há pouco tempo no cenário social brasileiro”, comentou a professora, que citou a lei 10.639/2003, que determina que a rede pública de ensino de todo o país, desde o Fundamental até a universidade, inclua conteúdos de história e cultura africana no plano escolar.

“Um episódio representativo desta mudança se deu recentemente com um aluno do Ensino Fundamental em uma escola do Rio. Numa prova em que se apresentavam figuras de crianças brancas como estereótipos brasileiros, o estudante pintou as figuras  de negro e disse à professora que estava cansado de ser ignorado. O caso  virou notícia de jornal e o estudante foi elogiado por sua atitude. Há algum tempo atrás, seria repreendido e punido por insubordinação”, completou.

O ilustrador Maurício Veneza, com 18 anos de profissão, deu continuação à palestra, informando que o processo da escrita e de desenho acaba se fundindo em uma narrativa literária. “Em uma sala de aula, dificilmente existe apenas um talento para o desenho ou para a escrita. Nem todo mundo se profissionaliza, mas o desenho é um complemento da expressão. É preciso incentivar o jovem que tenta se comunicar através da imagem. A ilustração técnica, científica e, principalmente literária, é uma narrativa”, explicou. “O estilo vem aos poucos, com o estudo e a prática. Ele reflete a identidade e a personalidade do artista”, completou Maurício, informando que ilustrou cerca de 130 livros de literatura infanto-juvenil (série Joel Rufino e outros), 40 deles de sua autoria, como "A caixa de lápis de cor" (prêmio na Expo Bolonha, Itália); "Meia palavra não basta"; "Dia de Feira"; "Aí é outra história", entre outros.

Durante a palestra, Maurício brindou o público com três ilustrações referentes aos temas debatidos. O artista desenhou uma princesa negra, o lobo mau e chapeuzinho vermelho (fábula dos irmão Grimm) e um dos três mosqueteiros (livro de Alexandre Dumas).

O maricaense e estudante de cinema Luiz Gustavo de Souza, de 24 anos, comentou que gostou bastante da apresentação. “É bom ouvir e aprender com quem tem mais experiência. Dou aulas sobre cinema e começo por apresentar  esboços para que os alunos façam desenhos e criem em cima dos temas”, finalizou.