Prefeitura de Maricá realiza primeira entrega de bolsas coletoras para pacientes ostomizados

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Prefeitura de Maricá realiza primeira entrega de bolsas coletoras para pacientes ostomizados

Pela primeira vez, a Secretaria Municipal de Saúde – em parceria com o Polo de Atenção às Pessoas Ostomizadas da Região Metropolitana II – realizou nesta quinta-feira (07/08), em Maricá, no Posto de Saúde Central, a entrega de kits de bolsas coletoras de fezes e urinas para pacientes que realizaram procedimentos cirúrgicos para exteriorizar os sistemas digestivo ou urinário (ostomizados). Ao todo, foram entregues 15 kits de bolsas para cada um dos 12 pacientes ou familiares presentes. O kit é composto de gaze, luva, creme barreira (para higienização da pele), lenços e pó cicatrizante, além de bolsas entregues de acordo com a necessidade de cada paciente: de colostomia (exteriorização do intestino grosso), ilestomia (quando parte do intestino delgado é colocado na parede abdominal) e urostomia (abertura na pele que permite a saída da urina).

A secretária municipal de Saúde, Fernanda Spitz, explica a importância da ação. "De acordo com o acordo estabelecido juntamente com o Governo Estadual e os municípios envolvidos, a distribuição mensal das bolsas e o acompanhamento dos pacientes são feitos pelo polo regional de atendimento em Itaboraí. Mas, entendemos a necessidade desses pacientes e buscamos essa parceria para que pudéssemos fazer a entrega aqui no município. Isso não é uma imposição legal, poderíamos recorrer de qualquer ordem judicial até porque cumpríamos o que era proposto pela PPI (Programação Pactuada e Integrada)", destacou. Fernanda acrescentou que, além da distribuição das bolsas coletoras, foi criado um espaço no Posto Central para atendimento aos ostomizados, composto por equipe multidisciplinar com médico, enfermeira e assistente social.

A assistente social e coordenadora do polo de ostomizados de Itaboraí, Claudia Alonso, elogiou a iniciativa municipal. "A legislação prevê que esse atendimento seja feito de forma regionalizada para os pacientes de Itaboraí, Silva Jardim, Maricá, Rio Bonito e Tanguá. Maricá montou uma estrutura integrada ao polo para beneficiar diretamente os pacientes que não precisarão mais se deslocar para pegar suas bolsas. É um passo muito importante que mostra o  respeito aos ostomizados", destacou. Claudia acrescentou que os demais municípios permanecem encaminhando seus pacientes para buscar o kit em Itaboraí.

A subsecretária de Atenção Básica, Claudia Souza, acrescenta que o objetivo é transformar Maricá em polo para acompanhamento e tratamento dos pacientes. "Em breve, a verba que atualmente é direcionada para o polo regional será destinada para este município. Dessa forma, seremos definitivamente autossuficientes para conforto dos ostomizados, que uma vez cadastrados, serão desligados de Itaboraí", justificou a subsecretária. Os pacientes ficaram satisfeitos com a novidade. A aposentada Lucemir Alves do Nascimento, de 69 anos, usa a bolsa coletora de fezes há três anos. Para ela, essa ação vai ajudar muito no seu tratamento. "Já fiz três cirurgias para retirada de um câncer no ovário e numa dessas foi necessário fazer uma intervenção para abrir minha barriga para que pudesse expelir minhas fezes", declarou a aposentada.

Maria Graziela Ribeiro Pinto, de 66 anos, falou que todo mês tinha que ir ao INCA (Instituto Nacional de Câncer) pegar as bolsas para seu marido Manuel Augusto Rodrigues Batista, de 77 anos, que, desde 2010, utiliza bolsas coletoras. "Ele já fez cinco cirurgias para retirada de dois tumores e, infelizmente, sofreu um acidente que reduziu sua massa encefálica. Praticamente não faz nada sozinho". Para Maria, a distribuição do kit em Maricá vai facilitar muito sua rotina. "Agora posso vir mais tranquila porque sei que ele ficará bem. Antes, além dos transtornos e do gasto, ficava preocupada com ele sozinho em casa", salientou.

Rosana Costa, de 50 anos, também é a responsável por ajudar a irmã Regina Costa, de 52 anos, diagnosticada com câncer no intestino em novembro de 2013. "Após a cirurgia para a retirada do tumor, ela utiliza a bolsa coletora de fezes. Quando estava trabalhando, eu comprava todo o material, mas fiquei desempregada e ela também teve que parar de trabalhar", declarou Rosana, acrescentando que o gasto mensal era de mais de mil reais. "Estava desesperada e não sabia o que fazer para ajudar a minha irmã, então me indicaram a procurar a Prefeitura e fiquei muito feliz com esse atendimento gratuito em Maricá". 

Os ostomizados

Elaine Aparecida de Souza, enfermeira responsável pelo serviço em Maricá, explica a origem do termo ostomizado. "A ostomia é uma cavidade realizada por meio de uma intervenção cirúrgica que pode ser feita de urgência ou planejada, de forma temporária ou definitiva e indicada nos casos de câncer, doença de Crohn, má formação congênita, trauma abdominal, doenças neurológicas, dentre outras. Conforme o local onde foi feita a abertura, dá-se um nome diferente", explicou.

Como exemplo, a enfermeira detalhou que a traqueostomia é aplicada a pacientes com dificuldades respiratórias, em que a traqueia é aberta abaixo do ponto congestionado e um tubo é inserido no local para permitir a entrada livre de ar. Em casos de câncer do intestino ou outros problemas em que o intestino e o reto precisam ser parcial ou totalmente retirados, se faz uma abertura no abdômen ligando a extremidade do intestino preservado à pele (colostomia). É normal, nesses casos, a aplicação de uma bolsa coletora para o recolhimento de fezes.

O atendimento em Maricá é feito às quintas-feiras, de 9h às 12 horas. Para se cadastrar é necessário levar cópias dos documentos de identidade, CPF, Cartão do SUS, comprovante de residência e laudo médico. Um responsável que estiver representando o paciente também poderá levar a documentação. O Posto de Saúde Central fica à Rua Clímaco Pereira, 375, Centro. O telefone para informações é 2637-3395.