Programa de Saúde Mental faz ação em reconhecimento ao Dia da Luta Antimanicomial

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Atividades foram realizadas na Praça Conselheiro Macedo Soares, no Centro de Maricá

Em reconhecimento ao Dia da Luta Antimanicomial (18/05), o Programa de Saúde Mental de Maricá, por meio do Centro de Apoio Psicossocial (CAPS), realizou na sexta-feira (17/05) uma série de atividades, como exposição de quadros, cartazes, depoimentos, esculturas e leitura de poemas, executado pelos pacientes. A ação, que ocorreu na Praça Conselheiro Macedo Soares, no Centro de Maricá, contou com a banda do "Sob o Céu, Sob o Sol de Maricá, projeto da Secretaria de Turismo e Lazer.

Diferenças entre clínicas e manicômios foram abordadas no evento. O coordenador da Saúde Mental de Maricá, Paulo Renato, classificou as clínicas como um lugar possível de desenvolver o tratamento, enquanto os manicômios não há uma direção de trabalho, onde o paciente não tem previsão de saída. "Manicômio é o local onde a prática do estabelecimento e dos profissionais é algo que passa pela impessoalidade, com fazer por fazer, sem envolvimento", explica. A psicóloga Edna Silva, que também participou do evento, alertou que conscientizar a população de que os manicômios são depósitos humanos era o maior objetivo do evento. "Trouxemos fotos mostrando como os pacientes eram tratados lá dentro e também um vídeo do CAPS que demonstra a diferença do tratamento de nossos pacientes. Hoje, há passeios, oficinas terapêuticas, Núcleo AD para usuários de álcool e outras drogas, atendimento individual e coletivo. Há uma equipe formada com médico psiquiatra, enfermeiros, assistente social, psicólogos, terapeutas e outros profissionais", relatou.

Paulo Renato acrescentou ainda que a iniciativa é apenas uma forma de reconhecimento e de mostrar para a população que muito trabalho ainda deverá ser feito para acabar com o preconceito existente. "Hoje não estamos comemorando, porque ainda há muitos pacientes internados precisando retornar à sociedade, mas é o dia de reconhecimento. Queremos mostrar para a sociedade que ainda existe preconceito. Estamos fazendo uma intervenção na cultura, a fim de que os usuários sejam mais aceitos, participem mais da sociedade e do convívio como todo cidadão merece", comentou ele, explicando ainda quais são as práticas manicomiais. "Quando se trabalha de uma forma fria, sem envolvimento, é manicomial. Quando se tem medo e age com preconceito é manicomial. Estamos aqui para promover a verdadeira inclusão social. Somos todos iguais, apesar das diferenças. Acabar com os hospícios e com as práticas manicomiais é necessário", concluiu.

Samuel Alves Filho, de 60 anos, é um dos usuários do CAPS de Maricá. Para ele, o centro de apoio funciona como uma família. "Estou em luta contra os manicômios. Após a morte de minha mãe, tive um surto e minha família não entendeu. Minha irmã me colocou num manicômio, onde sofri abusos irreparáveis, danos emocionais e psicológicos. Hoje faço tratamento no CAPS em Maricá. Lá tenho aulas de música e recito poesias", contou. O CAPS oferece atendimento interdisciplinar, diferentes oficinas e é composto por médicos, psicólogos, assistentes sociais e outros especialistas.