Documentário e palestra encerram Semana de Consciência Negra

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Délcio Teobaldo durante palestra na Casa de Cultura.

Coube ao diretor de cinema e televisão, jornalista e produtor Délcio Teobaldo, encerrar com uma palestra na noite de sexta-feira (23/11), a Semana de Consciência Negra. O tema escolhido foi  “Afro Jornalismo” e Délcio, que não estabeleceu um roteiro prévio, afirmou ter ficado feliz por dar continuidade à “fala” da pesquisadora Nádia Povoa Chaia – cuja apresentação versou sobre a herança negra e a generalização da cultura. Na plateia estavam representantes de movimentos afro e estudiosos do tema.

A programação, realizada pela Secretaria Municipal de Cultura, faz parte das comemorações do Dia da Consciência Negra (20 de novembro).  Entre outras ações, durante a semana foi exibido na sala Darcy Ribeiro – reinaugurada com o evento – o documentário “Abdias do Nascimento 90 anos – História Viva”. Para Délcio Teobaldo, o curta foi fundamental para estimular a luta pela igualdade dos direitos.  O “morador do Caxito”, como gosta de ser chamado, afirmou que a cultura negra está em alta em termos de consumo, o que, para ele, é um demonstrativo de valor. “Eles comem da nossa comida, vestem nossas roupas e colares, ouvem nossas músicas”, afirmou, como forma de mostrar que a influência negra na cultura é inegável.

O diretor de cinema indicou a tatuagem como uma das heranças da cultura negra no Brasil. Para o jornalista, marcas no corpo eram um registro das lutas dos guerreiros que saiam para caçar. “Eles poderiam até voltar de mãos vazias, mas as cicatrizes mostravam que fizeram de tudo para trazer alimento para seu povo”. Ainda de acordo com Délcio, os motivos das marcas eram contados em histórias para os mais jovens, em uma clara demonstração da importância da luta para a sobrevivência.

Outro ponto importante no debate foi a importância da adoção de políticas públicas que possam atender efetivamente o negro e as minorias. Para os presentes, por exemplo, desenvolver projetos que tratem da história da África em sala de aula é fundamental para criar cidadãos mais esclarecidos sobre o valor dos africanos na construção da nação brasileira. “Temos de desfazer o medo que as pessoas têm dos símbolos negros. Vários países trabalham na tentativa de embranquecer nossa cultura”, destacou Délcio.

Para a professora e pesquisadora Márcia Passos, estes encontros deveriam ser sempre realizados e ampliados. “Achei maravilhosa a iniciativa. Acho este trabalho deveria ser levado para as salas de aula e para as comunidades”, avaliou. Há mais de 37 anos estudando a cultura Banto, Nádia Povoa Chaia é contra uma data específica para homenagear a herança negra. “Sou contra a realização de uma Semana da Consciência Negra. Não deve ser uma vez por ano, e sim o tempo inteiro, devemos sempre refletir sobre a importância desta cultura para a formação da nossa”, acrescentou.

O Subsecretário Municipal de Difusão Cultural, Zola Xavier, comentou que o trabalho foi iniciado e será continuado. “O prefeito tem falado insistentemente da importância de oferecer ferramentas como o cinema para ampliar os saberes de nossa cultura”. E acrescenta: "Aproveitamos a data para reinaugurarmos a Sala Darcy Ribeiro. Iremos realizar exibições de filmes e documentários toda semana”, finalizou.