A secretaria de Educação de Maricá iniciou na manhã desta quarta-feira (25.07) um curso de capacitação para os 118 inspetores da rede municipal de ensino. O objetivo é fornecer pela primeira vez um treinamento específico para esses profissionais que atuam diretamente com os alunos visando, dentre outras ações, melhorar as relações humanas entre funcionários e estudantes.
De forma dinâmica e interativa, o professor Hermes Ferreira, que atua há mais de 30 anos no Magistério e que comandou o encontro, apresentou ao grupo de profissionais diversos casos de relacionamento envolvendo pais, alunos e escola, reforçou o papel dos inspetores e também ouviu os relatos dos profissionais participantes.
Paula Vanessa Villas atua há 10 anos como inspetora, inicialmente na Escola Municipal Marques de Maricá e, há três anos, na E.M. Profº Ataliba de Macedo Domingues, ambas em Itaipuaçu. Ela relatou um episódio em que foi acusada injustamente de agressão pela mãe de uma aluna. “Pedi para ela se retirar do ônibus porque havia derrubado uma criança e ela se negou, afirmando para a mãe dela que eu havia machucado seu braço”, declarou.
O curso também abordou a necessidade de envolvimento de todos da escola para garantir uma educação de qualidade. “A escola funciona como um sistema organizacional. São várias partes interligadas e dependentes entre si para pleno funcionamento. Todos devem trabalhar em equipe e na mesma direção, com foco na motivação, ética, harmonia e disciplina”, relatou.
Roberto Luis de Lima há três anos trabalha como inspetor na E.M. Mata Atlântica. Para ele, esse encontro foi de extrema relevância, “pois ratificou orientações que devem ser seguidas por todo profissional”. Roberto declarou ainda que o curso é “necessário e gratificante”.
Legislação em pauta
A capacitação também contou com a presença da assessora jurídica da secretaria municipal de Educação, Teane Matos, que apresentou importantes aspectos da Constituição Federal, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), do Estatuto do Servidor Público Municipal e do Regimento Interno.
Dentre os pontos abordados, a assessora destacou a importância dos inspetores conhecerem os direitos da criança e do adolescente, mas também os seus deveres. “Muitas vezes, o ECA faz com que o funcionário atue de forma acuada com receio de ser punido por tomar certa atitude. Mas, cada membro da escola deve sempre estar resguardado de seus direitos e conhecer as leis específicas de sua profissão. Temos que desmistificar a ideia de que a criança é soberana e que pode fazer tudo”, frisou Teane, acrescentando que o artigo 112 do ECA (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990) prevê, para os alunos que praticarem atos infracionais, penalidades como advertências; obrigação de reparar o dano; prestação de serviços à comunidade; liberdade assistida; inserção em regime de semiliberdade e até internação em estabelecimento educacional.
A inspetora Sônia Regina de Marins, com 28 anos de profissão, considerou o curso muito proveitoso. “Durante todo esse tempo de profissão nunca me envolvi em nenhum caso de agressão. Mas, mesmo assim, considero fundamentais encontros como esse para sabermos como agir em diferentes situações. Aqui, podemos trocar experiências e também reconhecemos que nossos problemas são semelhantes aos ocorridos em outras escolas", frisou. "Considero que o segredo para o sucesso em qualquer profissão é ter sempre muito carinho pelo próximo e dedicação ao que fazemos”, pontuou.
Nesta primeira etapa, o curso será aplicado até a próxima sexta-feira (dia 27.07) no C.E.M. Joana Benedicta Rangel, no Centro. A intenção da secretaria de Educação é realizar mais dois cursos até o fim do ano para os inspetores nos polos localizados próximos às escolas em que atuam.
