Filho de Henfil dá o pontapé inicial das obras do Centro Popular de Cultura em Maricá

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O filho do cartunista Henfil, Ivan Cosenza de Souza, conheceu na noite da última sexta-feira (18/05) o Centro Popular de Cultura (CPC) em Maricá, que levará o nome de seu pai.

Ele foi recepcionado pelo prefeito Washington Quaquá, na Casa de Cultura, e depois visitou as futuras instalações do espaço, em construção na esquina das ruas Domício da Gama e Alferes Gomes (antigas instalações do Detran), no Centro. O projeto da prefeitura é inspirado nos antigos CPCs criados na década de 60 pelo movimento estudantil e tem o objetivo de valorizar a cultura popular.

A visita de Ivan também marcou o início oficial da obra, prevista para ser concluída até o final do ano. O novo espaço vai contar com uma galeria de artes, uma livraria, cafeteria e uma arena com capacidade para cerca de 200 pessoas. No Centro Popular de Cultura poderão ser realizadas palestras, convenções e apresentações teatrais. O espaço ainda vai abrigar o primeiro cinema público de Maricá, trazendo de volta ao Centro da cidade uma sala de exibição de filmes – a última que existia deixou de funcionar no início dos anos 1990 e ficava ao lado do local.

Segundo Ivan, o pai deixou uma grande obra com textos, charges e livros. “São 15 mil originais somente de desenhos em quadrinhos. Criei o Instituto Henfil e estou procurando um lugar para reunir todo este rico acervo. Minha ideia é ter um espaço aberto a consultas e exposições”, conta ele, que já publicou oito livros do “Sapo Ivan”, a partir de rascunhos de desenhos e textos deixados por Henfil. O personagem foi criado pelo cartunista em homenagem ao único filho.

Para o dia da inauguração do Centro Popular de Cultura, o prefeito estuda fazer uma exposição do acervo do cartunista, jornalista e cineasta Henfil. “Ele foi uma figura emblemática do Brasil com atuação marcante nos movimentos políticos e sociais do país, lutando contra a ditadura e pelas Diretas Já. Agora terá seu nome marcado também na história de Maricá”, destacou Quaquá, que estava acompanhado da primeira dama, Rosangela Zeidan.

Ivan conhece bem a cidade que vai homenagear seu pai. Há mais de 30 anos, ele freqüenta o município. “Minha mãe e minha tia moram numa casa da Estrada de Pindobas, próximo ao Centro. Já passei muitas férias aqui”, acrescenta.

Inspirado nos antigos CPCs criados no país na década de 60 pelo movimento estudantil, a proposta do espaço será a mesma: valorizar a cultura popular, com programação acessível e estímulo ao debate e à criação artística local. Após a visita, os cantores Ronaldo Valentim e Mirene Alves apresentaram mais uma edição do projeto “Sob o Céu, Sob o Sol de Maricá”, da Secretaria de Turismo.

Henfil

Henrique de Souza Filho era hemofílico e sempre teve uma saúde bastante delicada, assim como seus dois irmãos, Herbert de Sousa, o Betinho, e Francisco Mário. Além deles, tinha mais cinco irmãs. Henfil nasceu em Ribeirão das Neves (MG). Foi na Revista Alterosa, de Belo Horizonte, que nasceram suas personagens mais famosas, "Os Fradinhos". Em 1970, lançou a revista Os Fradinhos, com sua marca registrada: um desenho humorístico, crítico e satírico, com personagens tipicamente brasileiros e que retratavam as situações da época.

Fez caricaturas políticas para o Diário de Minas e charges esportivas para o Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro, em 1967, revistas Visão, Realidade, Placar e O Cruzeiro. Seus personagens ganharam projeção popular quando trabalhou no Pasquim e Jornal do Brasil, a partir de 1969.

Publicou sete livros entre 1976 e 1984. Na história dos quadrinhos no Brasil, renovou o desenho humorístico com suas personagens "Os Fradinhos", o "Capitão Zeferino", a "Graúna", e "Bode Orelana", entre outros. Henfil também fez peças teatrais e teve uma incursão na televisão com o quadro "TV Homem", do programa "TV Mulher", na Rede Globo. Ele morreu em 1988 vítimas do vírus da Aids.