Direitos Humanos de Maricá defende diálogo em favor da tolerância religiosa

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Campanha "Quem é de axé diz que é" reforça conduta contra preconceito

Se todos os caminhos levam a Deus, segundo o raciocínio da maioria dos adeptos de todas as religiões, então da mesma forma todos os caminhos devem levar ao ecumenismo. Essa vem sendo a linha de conduta adotada pela Subsecretaria de Políticas da Diversidade Religiosa, reforçada com a participação no encontro de 15 de outubro, “Quem é de axé diz que é”, promovido por entidades que representam religiões de matriz africana com apoio da Prefeitura de Maricá. 

“O ponto central é garantir a fala de todos, porque todos têm direito a voz”, define o secretário de Direitos Humanos e Cidadania, Marcos de Dios, durante reunião com assessores para avaliar a atuação da secretaria nesse campo. “Nesse sentido, entendemos que o nosso papel enquanto instância de um Estado laico é combater a intolerância expressa principalmente por um certo fundamentalismo religioso que anda grassando por toda parte entre nós”, denuncia de Dios.
 
A subsecretária de Políticas da Diversidade Religiosa, Mônica Fialho, diz que tem procurado incentivar o diálogo por diversos meios como forma de superar a intolerância. Assim, elaborou uma carta dirigida às instituições religiosas solicitando a colaboração delas no trabalho de levantamento de suas necessidades quanto à implantação de políticas públicas.
 
“Já distribuímos cerca de 200 exemplares dessa carta. Ao mesmo tempo, temos atuado em parceria com outros órgãos da Prefeitura e com as igrejas em projetos como o da Praça da Bíblia, o de capacitação de mão-de-obra, tudo com o intuito de estimular a compreensão, o respeito entre os cidadãos independentemente das suas opções religiosas”, resume a subsecretária.
 
“No 1° de Maio de 2009, fizemos um ato ecumênico”, relata Antonio Jonas Chagas Marreiro, o "Liminha", gerente executivo da Subsecretaria de Políticas da Diversidade Religiosa e presidente da Fonte para Orientação Religiosa de Matrizes Africanas (FORMA). “Agora, o secretário de Dios pediu que a gente procurasse o povo de santo para sabermos o que é preciso para criarmos um espaço eco-religioso, um lugar especial para as nossas oferendas e rituais sagrados. Vamos reunir os representantes contatados em data ainda não definida para debater essa proposta, a partir do lema da FORMA: Fé, Atitude e Cidadania”, conclui.
 
Para Togo Ioruba, subsecretário de Políticas de Diversidade Racial, trata-se de um trabalho de descolonização das mentes, o que passa pelo individual e pelo coletivo. “Antes da Constituição de 88”, historia Togo, “o Estado não era pensado para levar em conta a pluralidade. Então, a diversidade não tinha espaço, demonizando-se o que não se enquadrava no universo dos setores dominantes, nos modelos aceitos de comportamento, de cultura.”
 
Na opinião de Togo, o projeto para fazer o levantamento do quadro de saúde da população negra de Maricá, utilizando o conhecimento do povo de terreiro, já perto de ser posto em prática, constitui um modo de articular diferentes setores da administração e da sociedade, combinando diferentes culturas, expressões de religiosidade para melhorar o atendimento das demandas da população.
 
“Nossa pretensão é servir de exemplo para outras religiões e denominações, a fim de que possamos nos ajudar mutuamente”, sugere. E a sugestão é bem-vinda, no entender de Maria Cristina Magalhães Cesário, assessora executiva da Subsecretaria de Políticas da Diversidade Racial, “Todas as instituições devem participar desse diálogo em favor do entendimento”, propõe.